O inglês professor de Português veio conhecer o Brasi, e encafifou quando leu que alguém importante ia à Bahia, com crase no “a”.

- Não tem crase nesse caso – ela falou professoral – pois Bahia é um Estado do Brasil, como é São Paulo e não “o” São Paulo. Portanto – ele arrematou – se há apenas a preposição “a” sem o artigo feminino “a”, não há crase!

Mas, corrigiram, São Paulo é São Paulo, a Bahia é a Bahia. E explicaram ao inglês portuglota a personalidade linguística dos Estados brasileiros.

Santa Catarina e São Paulo, talvez por terem nomes de santos, são nossos Estados sem sexo ou neutros.

Mas são cercados de Estados machos, o Rio Grande do Sul, o Paraná, os Mato Grosso, e o Rio de Janeiro além do Espírito Santo, mas Minas Gerais também é neutra, pois ninguém fala que vai para “as” Minas Gerais.

O Nordeste, mostraram em mapa ao inglês, é uma fileira de Estados machos, com exceção do feminino Estado da Paraíba e do neutro Alagoas, também conhecido como “as” Alagoas, além também do neutro Pernambuco, pois ninguém fala “o” Pernambuco como falam “o” para Sergipe e assim até o Maranhão.

No Norte são quase todos Estados machos, o Amazonas, o Amapá, o Rio Branco, o Acre, mas Rondônia não, também é neutra como Goiás, pois ninguém fala “a” Rondônia ou “a” ou “o” Goiás, não são femininos como a Bahia.

- Vocês estão brincando?! – o inglês abriu os braços – Então o Brasil tem Estados masculinos, femininos e neutros?

Além do Tocantins, lembraram, onde ainda não se resolveu se é masculino ou feminino, tem quem fala que é “do” Tocantins e tem quem fala que é “de” Tocantins.

- E quando vai se resolver isso? - o inglês se agastava mas garantiram que só o tempo podia saber quanto tempo aquilo levaria, dependia do povo preferir falar o Tocantins ou só Tocantins, e quem é que manda na língua do povo?

O inglês fez que entendeu, falou “of course”, aí explicaram mais: que o Brasil tem ainda um Distrito Federal no neutro Goiás, onde fica Brasília, uma capital nacional muito feminina. Por que feminina, indagou o inglês; porque é muito bonita, disse alguém, e cheia de curvas, falou outro, o inglês sorriu dizendo que entendia, conhecia a arquitetura de Brasília, uma cidade de grandes espaços. E de grandes palácios e mansões, emendou alguém, “as fábricas de emprego de Brasília”.

Mostraram nas telinhas: o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional, e os muitos edifícios dos muitos órgãos dos Três Poderes, todos com vários milhares ou centenas de servidores.

- Mas – o inglês se coçou – onde cabe tanta gente aí?

O papel aceita tudo, explicaram, o inglês não entendeu. Então alguém falou que o Brasil é um país masculino, como não é a maioria dos países europeus da Inglaterra à Rússia, mas nosso pai Portugal é neutro, ninguém fala vou “ao” Portugal mas “a” Portugal, sem crase, claro.

Claro, concordou o inglês: - Mas nunca vou conseguir saber quando usar ou não crase.

“A” crase, corrigiram, tão nossa que merece ser tratada assim, com um distinto “a” antes, entendeu?

O inglês disse que entendeu, mas daí no Brasil passou a falar só Inglês.