Morreu na manhã desta segunda-feira (17) o professor e presidente da ALK (Associação Londrinense de Karatê), Luiz da Silveira, aos 63 anos. Há 45 anos imerso no universo das artes marciais, Silveira continuou o legado do seu professor Norio Haritani, que montou a primeira turma do estilo Shokotan em Londrina, há 50 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Morre Luiz da Silveira, memória do caratê em Londrina
| Foto: Ricardo Chicarelli/Arquivo Folha

A academia formada em 1969 ganhou Silveira como aluno seis anos após a sua fundação. Em matéria da Folha de Londrina de 2019, ele deu entrevista contando sobre esse encontro. “Foi em 1975. Logo no primeiro dia senti que era o que estava procurando”, disse.

Rubem Cauduro, vice-presidente da associação e amigo, conta que Haritani foi para o Japão e deixou o comando da academia nas mãos de Silveira. “Ele foi um dos primeiros alunos do professor Norio na cidade, foi um dos maiores medalhistas de caratê da academia, mas mais importante que os campeonatos foi o trabalho de preservar a associação”, comenta.

Cauduro aponta que Silveira foi quem mais fez pelo caratê no Paraná. “Como ensino, não como esporte ou competição, mas como arte marcial, filosofia, cultura, ninguém fez mais que ele, com certeza”, defende. Com uma das raras academias com sede própria no País, o professor também foi o primeiro a abrir vagas para terceira idade há 17 anos, com passagem de mais de mil alunos nessa categoria.

Imagem ilustrativa da imagem Morre Luiz da Silveira, memória do caratê em Londrina
| Foto: Ricardo Chicarelli - 02-09-2019

A academia já recebeu mais de 15 mil alunos que hoje sentem a perda do seu mestre. Com a formação, Silveira conseguiu difundir o caratê a diversos locais do Brasil e do mundo. “Ele foi um bom competidor, mas nunca foi o objetivo a competição, sempre foi o ensinamento, a educação. Hoje, nós temos vários alunos que se formaram professores e seguem a mesma doutrina, com mesmo respeito e gratidão”, menciona o amigo.

Além de ser responsável pela AKL, Silveira também fundou a Associação Procopense de Karatê e escreveu livro contando a história do professor Haritani. Nos últimos anos, batalhava contra o câncer, doença que enfrentou por três vezes e, mesmo assim, aparecia para ministrar aulas na academia. “A marca registrada dele foi falar de gratidão, acho que essa palavra resume a vida dele”, emociona-se.

Uma perda para a memória da cidade e para o caratê como um todo. O professor Silveira deixa esposa, duas filhas e três netos. E deixa mais um ensinamento de bondade. “Ele é tão decente, tão correto, que até o final da vida dele ele deixou a solicitação para que ninguém fosse ao velório dele, por conta da Covid-19. Nós temos diversos alunos arrasados e estamos recebendo mensagens de condolência do mundo inteiro”, destaca o amigo.