Desde o início da semana o cenário no Calçadão de Londrina é bem diferente em relação ao que vinha sendo visto nos últimos anos. Os ambulantes que se tornaram presença constante na principal via comercial da cidade não são mais encontrados, assim como em outras ruas da região, onde era possível identificar pessoas vendendo os mais diversos tipos de produtos. “O quadrilátero central estava parecendo a 25 de Março (rua de intenso comércio de São Paulo), não dava para andar com tranquilidade e era injusto com os comerciantes, que pagam imposto e aluguel”, opinou o aposentado Mariano Cabral.

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Parte da população é contrária ao comércio ambulante no “coração” do município, mas muitas pessoas não consideram um problema. “Todos precisam trabalhar, ter uma renda para poder sustentar a família e se não têm condições de ter seu próprio comércio, que venda nas ruas. Lógico que não pode haver uma concorrência desleal com os estabelecimentos, mas precisa existir uma parceria e organização para todos terem seu espaço”, afirmou a vendedora Beatriz Batista.

A retirada dos ambulantes sem alvará do centro é resultado de uma operação liderada pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), junto com a PM (Polícia Militar) e a GM (Guarda Municipal). De acordo com o presidente da companhia, houve uma “complacência” durante o período da pandemia de Covid-19, permitindo a atuação dos informais, no entanto, foram identificadas situações de segurança pública, o que fez com que a continuidade destas pessoas se tornasse inviável.

“Houve questões que passaram da normalidade de um simples comércio. Constatamos que havia grandes produtores explorando a mão de obra. Pessoas que alugaram lojas no centro e estavam fazendo a distribuição em massa de produtos, com carriolas pelo centro. Também foram identificadas situações infracionais e precisou a interferência das forças de segurança”, elencou Marcelo Cortez. “Deixando bem claro que foram avisados de que não poderiam permanecer ali”, acrescentou.

ENCAMINHAMENTOS

A CMTU contabilizou 103 ambulantes no quadrilátero central, sendo que até o início da manhã desta quinta-feira (25) cerca de 15 haviam procurado a sede da entidade para tentar a regularização. “Sou ambulante desde que a rodoviária era no centro. Durante a pandemia não consegui continuar pagando as taxas. Na terça-feira (23) um guarda me orientou no momento em que estava montando a barraca, aí guardei e não vendi mais. Espero que dê tudo certo”, comentou a trabalhadora, que comercializava frutas na rua Sergipe.

Cortez garante que os interessados estão sendo encaminhados para feiras livres e outros pontos, desde que não haja conflito com o comércio já estabelecido. “Logicamente que eles têm conhecimento que no Calçadão não será possível ficar, mas existem outros locais. Vamos regularizar ou procurar a melhor solução. Temos que conscientizar que existem normas e lei que precisam ser respeitadas. Não se pode vender um produto (na rua) onde tem um comércio a 40 metros Se tem um estabelecimento vendendo salgado e refrigerante, não se mostra razoável colocar um ambulante na frente para comercializar os mesmos produtos.”

MERCADO DE TRABALHO

Na segunda-feira (29) será feito um mutirão no Sine, das 8h às 17h, para os ambulantes que desejam ir para o mercado formal de trabalho. A expectativa é de que sejam disponibilizadas 500 vagas em áreas como supermercados, oficinas e no próprio comércio. “Têm vagas, inclusive, para a mão de obra não qualificada e já conversamos (com as empresas) a respeito disso. Hoje falta muito mais perfil do que qualificação. Nós iremos atender com uma força-tarefa e não será necessário fazer agendamento”, destacou o secretário municipal do Trabalho, Emprego e Renda, Gustavo Santos.

IRREGULARIDADES

O planejamento do município é para que as ações de fiscalização continuem nos próximos dias para evitar o retorno dos ambulantes informais. Nesta quinta, por exemplo, havia agentes da CMTU, guardas municipais e policiais na avenida Paraná. “Vamos levar para o Ministério Público do Trabalho algumas situações que foram caracterizados que são de interesse e competência dele”, alertou o presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização.

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