O Grupo de Física Nuclear Aplicada do Centro de Ciências Exatas (CCE) da UEL (Universidade Estadual de Londrina) analisou amostras da água da chuva que caiu em Londrina no último domingo (15) e comprovou a presença de ferro e cálcio. Foi a primeira chuva após um longo período de estiagem, marcada pela ocorrência de queimadas que provocaram baixa qualidade do ar atmosférico e a formação de intensa névoa de poluição nas últimas semanas.

A avaliação, com amostras da chuva da manhã de domingo, considerou 15 regiões da cidade. Foi utilizada a técnica de Fluorescência de Raios-x por Reflexão Total (TXRF), que permite a identificação e quantificação de elementos em concentrações na ordem de Partes por Bilhão (ppb).

Entre os elementos detectados, ferro e cálcio apresentaram as maiores concentrações. A alta presença de ferro pode estar associada à abundância de poeira no ar, decorrente do solo local ser naturalmente rico nesse elemento.

LEIA TAMBÉM:

= Incêndios ambientais disparam em Londrina e mudam a paisagem

= Aumento dos incêndios florestais preocupa autoridades no Paraná

CORREDORES DE FUMAÇA

Por outro lado, a elevada concentração de cálcio pode estar relacionada às queimadas, tanto da região de Londrina quanto da região Amazônica, que geram os chamados “corredores de fumaça”, uma vez que a queima de madeira libera vários componentes, dentre eles o óxido de cálcio na atmosfera.

Foi esse elemento que mais chamou a atenção do pesquisador João Marcos Lopes, já que “não é comum encontrar concentrações tão altas de cálcio na água da chuva”.

A concentração máxima foi de 720 mg/L. Além disso, elementos como alumínio, bário, cloro, manganês e zinco foram encontrados em concentrações até 15 vezes superiores aos limites estabelecidos em legislações ambientais.

Outra análise realizada foi a de fotomicroscopia. As amostras foram analisadas diretamente, sem qualquer preparo ou tratamento, o que permitiu capturar com precisão as condições da água no momento da coleta.

Mapa elaborado pelos pesquisadores nos locais onde foram coletadas as amostras.
Mapa elaborado pelos pesquisadores nos locais onde foram coletadas as amostras. | Foto: Agência UEL

Durante as análises, “foi possível identificar microrganismos, como bactérias e protozoários, cadeias de fungos, além de grande quantidade de material particulado na água da chuva”, conta a pesquisadora Letícia Birelo. O resultado da pesquisa deverá ser finalizado em até 30 dias e posteriormente enviada para publicação.

O professor do Departamento de Física, Eduardo Inocente Jussiani, que coordenou o estudo, afirma que os eventos climáticos extremos necessitam ser amplamente estudados para que a população tenha noção real do seu impacto nas cidades e no meio ambiente.

Para o coordenador do grupo, professor Avacir Andrello, “é importante fazer o monitoramento da qualidade do ar local, considerando que sofremos a influência de outras regiões”. O grupo, formado também pela pesquisadora Aline de França, planeja continuar monitorando a água da chuva, bem como outras amostras ambientais em Londrina.

(Com informações da Agência UEL)