Tamanduá-bandeira Flora deverá receber alta em 20 dias
Espécie está sendo tratada no HV da Unifil após atropelamento e cirurgia; instituição atende cerca de 50 animais silvestres por mês
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 21 de junho de 2022
Espécie está sendo tratada no HV da Unifil após atropelamento e cirurgia; instituição atende cerca de 50 animais silvestres por mês
Pedro Marconi - Grupo Folha
A Flora ainda é uma jovem tamanduá-bandeira. Tem aproximadamente um ano, mas já passou por um susto grande. Recentemente ela foi atropelada em uma rodovia na região de Jacarezinho (Norte Pioneiro) e sofreu uma fratura de fêmur. Fez cirurgia emergencial, quando foi colocada uma placa, e há cerca de uma semana está em Londrina, recebendo os cuidados pós-operatório no HV (Hospital Veterinário) da Unifil, na região sul da cidade.
“No pós-operatório é necessário o acompanhamento de um veterinário especializado, porque o animal demanda de uma atenção especial, com administração de antibiótico, manejo, curativos. Acompanhamos a evolução dela com raio-x e outros exames”, explicou a professora Mariana Cosenza, coordenadora do hospital.
A espécie é considerada rara na região de Londrina e costuma viver em campos limpos, cerrados e florestas. É um animal com risco de extinção em todos os estados brasileiros, de acordo com a ONG WWF Brasil. No HV da Unifil, por exemplo, foi o terceiro tamanduá-bandeira atendido na história da instituição. Nos outros casos, um perdeu a mãe em acidente automobilístico e outro foi achado fora do seu habitat.
Flora, que tem evoluído bem, deverá voltar para a natureza daqui aproximadamente 20 dias. “O maior desafio tem sido a alimentação. É um animal que basicamente se alimenta de formiga e cupim, mas para atender a demanda energética teria que ser uma quantidade gigante. Então, temos feito uma papa com o valor energético que precisa para se recuperar e calcificar o osso. Muitas vezes temos dado o alimento via sonda”, destacou. O tamanduá-bandeira pode capturar, com sua língua extensa, até 30 mil formigas e cupins por dia.
TAMANDUÁ-MIRIM
Outro tamanduá foi acolhido na semana passada na instituição. O Kadu, como foi batizado, é da espécie mirim e tem de quatro a cinco meses de vida. “É um filhote órfão. A mãe foi atropelada ou morreu em ataque de outro animal e ele foi encontrado na região de Londrina em condições precárias de nutrição. O tamanduá-mirim é mais comum de encontrar na nossa região, tanto filhotes, quanto adultos”, explicou.
O bebê também tem se desenvolvido de forma satisfatória, entretanto, não existe uma data para que saia do cativeiro. “Teremos que fazer uma avaliação se ele poderá voltar ou não para a natureza. Vai depender da relação que ele vai criar com o habitat sozinho. Hoje, por exemplo, a chance de sobreviver sozinho seria zero, já que precisa de suporte nutricional.”
ATENDIMENTOS
No ano passado, o HV foi oficialmente reconhecido como centro de apoio à fauna silvestre, se tornando o único credenciado na região de Londrina pelo IA T (Instituto Água e Terra). O hospital também mantém parceria com o a Força Verde. A média é de 50 atendimentos por mês, a maioria por apreensão em razão de tráfico de animais, atropelamentos e órfãos. Também há situações de queimadas.
Entre 30% e 40% dos animais silvestres atendidos são vítimas de acidentes em estradas e rodovias. “O habitat deles tem diminuído com o crescimento desordenado das cidades e estradas. Isso faz com que tenham mais acidentes”, apontou a professora Mariana Cosenza. “Poderíamos ter menos casos se tivéssemos mais trabalhos de conscientização, placas e passagens subterrâneas ou aéreas para eles”, elencou.
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Os animais silvestres são devolvidos para seus habitats pelo IAT e a polícia ambiental. Quando não tem condições de viverem novamente na natureza são encaminhados para zoológicos ou mantenedores credenciados junto ao instituto.
PROJETO AMBIENTAL
O HV também tem um projeto de educação ambiental em que leva algumas espécies que têm boa relação com o ser humano até escolas públicas e privadas. “Incentivamos as crianças a se conscientizarem sobre os cuidados com a natureza, meio ambiente e os animais. É para despertar o sentimento de preservação”, ressaltou.
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